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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Desabafo

Algumas coisas se resolvem no sindicato. É o caso dos jornalistas que adoram criar confusão em comunidades como o Orkut sobre a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão entrar em vigor. É um desgosto participar de qualquer comunidade de jornalistas, porque, quando não é um machista nada macho atacando a capacidade feminina no futebol [o que não vem ao caso] , é alguém insistindo em reavivar essa maldita discussão.

Olha, uma vez, uma guria falou sobre isso, e me criticando porque errei no emprego da crase. Deu uma indireta, julgando minha falta de diploma [que todo mundo que acompanha este blog ou leu minha biografia em algum lugar sabe meus porquês]. Publicamente deu uma indireta, e eu, que sou de Peixes, mas não sou besta, saquei e respondi. Ela é formada em Letras. Eu poderia atacá-la com mil pedras. Até partir para o lado pessoal, e chamá-la de nerd-gorda-frustrada-maníaca-depressiva-cachaceira, porém, não era esse o propósito da discussão [e da mesma maneira que não gosto que as pessoas apelem para o lado pessoal comigo, não o faço]. Como não tinha o que fazer no momento, discuti, ela cansou, e eu “ganhei”. Ela poderia apenas me enviar uma mensagem em off dando a dica de que estava errada, entretanto, quem tem um olho, em terra de cego é rei, portanto o mais fácil é dizer “Você não sabe? Então você é um merda. Caia fora! Desista!”, principalmente nesta terrinha descoberta por Cabral.

E quando você surge com argumentos? Nossa! Você não pode discordar de um jornalista formado! Eles são o quarto poder, sabia? Eles conhecem tudo, são experts, deuses de primeira grandeza. E você é um nada no universo, porque não tem aquele papel com textura, letras bonitas, e que em muitos casos, vai parar na parede de alguém. Conhece o tal de diploma?

Esse diploma já deu rolo, viu? Quem tem, diz que quem não tem não pode trabalhar na área. Comparam-se a médicos, dentistas e advogados. Uns tem, mas escrevem “agente”, “denovo”, “atráz”, “calssinha” e pensam que intelectualóide é uma doença muito grave da Idade Contemporânea, enquanto outros são bem-sucedidos, referência na área, e orgulham a classe. A mesma coisa, para os não-graduados, enquanto alguns são bem-letrados, e expressivos na medida certa, outros não têm noção que um texto precisa ter começo, meio e fim, no tamanho que for preciso.

Sinceramente, cansei! Há quem creia que passar dias discutindo a causa pela internet dá algum resultado fora dela. Eu já acho que quem tem atitude, vai atrás do sindicato e faz a sua parte. Senão, é puro fogo de palha de quem não tem o que fazer. É ridículo ver gente que não sabe a regrinha entre espaços e vírgulas bater no peito para dizer que tem diploma e por isso é melhor do que o resto. Gente ultrapassada que tem medo da moçada que está vindo por aí – e por isso não valorizam sequer o ponto de vista dos acadêmicos.

Espero que seja a última vez que eu tenha de falar sobre isso. Até porque, se o diploma for obrigatório, tratem de pensar em como ajudar os que sonharem em ter os seus, mas não puderem pagar [antes de poder voltar a estudar, cogitei ser bolsista integral na Inglaterra, jogando futebol]. Desdenhar é fácil, quando você pôde ou pode saldar sua mensalidade, ou conseguiu passar em uma instituição de Ensino Superior.


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postado por Andréia de Moura às 7:29 PM