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quinta-feira, 29 de maio de 2008



Venho manifestar minha indignação, em meio a um mundo totalmente de cabeça para baixo, onde vilões vencem e mocinhos amarguram a decepção.

- Motorista, pare o mundo, que eu vou descer no próximo ponto!

Estou plenamente revoltada com a ignorância das pessoas, com a falta de crença no ser humano. Quando me descobri comentarista esportiva, sabia que enfrentaria dificuldades, narizes retorcidos, comentários maldosos entre tantas coisas. Desde lá, são quase cinco anos e até hoje não estabeleci um lugar ao sol. Quiçá pelo diploma que me foi negado, quando a Doutora Labibi Elias não quis ouvir meu sonho de ser uma acadêmica das Faculdades Integradas Alcântara Machado.

Poderia fazer disso minha circunstância para desistir. Não tenho 900 reais para pagar mensalidade, ultimamente, nem 250. E continuo sonhando com o dia em que finalmente poderei ser uma estudante de Jornalismo e ser respeitada. Fiz uma entrevista de emprego para uma renomada rádio de rede nacional e internet, porém, não fui aprovada justamente por não estar estudando. Certamente, se fosse contratada, começaria como estagiária, pois vejo minha experiência não conta. Se correr o bicho pega, e se ficar o bicho come: não tenho dinheiro para estudar, mas se não trabalhar, não vou ter dinheiro nunca. E não sei fazer mais nada que não seja escrever, ver futebol e falar. Juro que tentei – fui monitora de lan house, vendi artesanato, fazia chocolate, bordava, e até, em um momento deslumbrado da minha vida, fui cover de Britney Spears e modelei. E por isso, não admito que digam que sou uma vagabunda. Quem diz, é porque não me conhece, ou porque tem problema de memória.

É triste quando alguém te pergunta o que faz, e após te ouvir, rebate “É, agora tem de arrumar um trabalho de verdade”. Só porque não trabalho na TV, não significa que eu não faça nada. Ou porque optei pelo jornalismo de peão – como dizem em algumas faculdades. Passo horas em frente ao computador, respondendo e-mails, planejando pautas, lendo notícias sobre futebol, e definitivamente, isso é fazer nada para ninguém além dos analfabetos digitais. Eu faço refeições em frente ao computador, pego transporte público lotado, tenho credenciais negadas com freqüência, tomo "bolo" de entrevistado, me viro do jeito que posso e essa é a última espécie de coisa que gostaria de ouvir.

Eu trabalho praticamente de graça e acredito no meu trabalho. Fui humilhada por algumas vezes, e já percebi pessoas que possuem segundas intenções comigo – estas terão meu eterno desprezo, pois tive mãe e avó que me ensinaram o que é certo e errado para uma mulher. Desde minhas passagens, até as pilhas do gravador e a mensalidade do site saem do meu bolso. Se não gostasse de futebol, com certeza teria mudado de caminho há tempos. Porque não é fácil ouvir piadinhas, indiretas, ou perguntas indiscretas. Não, eu não sou Kakazete e nem Ronaldinha [essa vale para os três Ronaldos]. Respeito quem seja. Como uma guria heterossexual, obviamente acho um ou outro jogador bonitinho. Por que não poderia? Por acaso sou cega? Não falo quem são, porque não interessa a ninguém. Assim, como há dias atrás, vi alguns colegas “babando” nas fotos de uma namorada de jogador. E quem não se recorda de algumas transmissões de seleções femininas, em que os narradores ou comentaristas tecem elogios à beleza de algumas atletas.

Não confundam este desabafo como pedido de esmola. Como já falei, minha mãe e minha avó me ensinaram a não aceitar “coisas” dos outros. Há conhecidos que podem pagar o curso para mim. Não, muito obrigada. Opto por esperar mais um semestre, se assim tiver de ser para que eu mesma pague meu curso. Eu só quero respeito. Respeito, porque ninguém nunca me viu usar droga, sem calcinha na balada, de topless em alguma publicação ou saindo com alguém para alavancar a carreira. Respeito, porque eu ainda acredito no ser humano, e no talento que prevalece. Não trabalho com o fator bunda e não quero ser garota alguma coisa do hortifruti. Respeito, porque tenho um cérebro, que independentemente de resultado de teste de QI acima da média, possui algo a dizer. Respeito, porque o tempo vai mostrar por qual razão devo ser respeitada.

Andréia de Moura


[edit] Lendo o texto com mais calma, hoje, dia 01/06, percebi que ele possui alguns equívocos de escríta. Não corrigirei, por tê-lo criado em um momento de real desabafo, nele estampando, então, meu desespero.

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postado por Andréia de Moura às 12:05 PM