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sábado, 26 de abril de 2008

A saga de uma pobre true blue na Vila Ré




Eu nunca escondi, e não pretendo abafar. Eu sou Chelsea. Sou blue. Canto a maioria das músicas. Nutro respeito por todos os times, mas também torço. E quando estou torcendo, sou chata. É pecado? Pelo contrário. É a coisa mais natural do universo.

E isso fica mais evidente quando os meus Boys in Blue vão confrontar o Manchester United. Para vocês terem idéia, na partida em setembro passado, logo após a saída de José Mourinho, tomei altos esporros do meu pai, de tanto palavrão escancarado em pleno almoço de domingo.
Pois hoje não foi diferente. Pulei da cama, às 08h30. O alarme do celular já estava ajustado, e o povo de casa avisado: a TV da sala é minha. Dormi com a camisa do Drogba, para dar sorte. Porque 7 é moda, 11 é f*da, sempre digo. Na fila da padaria, quase larguei o troco por lá, de tanto que o balconista demorava a devolvê-lo.

- Cinco pães! Não, melhor seis! – Sabe como é. A ansiedade esfomeia, e melhor comer carboidrato do que as próprias unhas.

O jogo começa, e logo dois pães com geléia de uva vão à brincadeira. E o sofá quase foi junto com o primeiro gol. É gol! É tor! Era o Herr Ballack na área. O que importava era comemorar, seja português, inglês ou alemão.

Creio que eu seja a mais louca por futebol desta vizinhança. Quiçá, a mais escandalosa, aliás, certeza. Afinal, ninguém quer uma vizinha que começa a gritar por futebol às nove da matina em pleno sábado. Zé povinho ou cidadão digno, todo mundo tem o direito de reclamar. Mas, eu prometo comprar uma casa com um amplo quintal, bem longe daqui. Todavia, não consigo controlar meu coração e até lá vou continuar gritando.

E o Rooney fazendo o gol? Carvalho, Ricardo!!! Essa lembrou o Marinho. A torcida sentiu medo em CAPS LOCK, enquanto meia dúzia de Red Devils, em uma área reservada dançava, pulava. A essa altura, já havia secado um bule de café, e o clone laboratorial do Cristiano Ronaldo Nani. Jogos me engordam!

Pra variar, vindo de papai, tomei uma bronca e ouvi o sermão da montanha. Bem-aventurado o torcedor que fica com o gol entalado na garganta. Porque quando a bola entra na rede, ele pode soltar todos os demônios, e chorar. Chorar muito. Chorar mesmo! Sou de peixes, poxa vida! Choro litros. Vou chorar, desculpe, mas eu vou chorar. Se estivesse em Stamford Brigde, com certeza apareceria na TV como “A mocinha blue que não segurou a emoção”. Alô, mamãe! Eu não estou na Globo!

Agora, se você quer saber, leitor. Lógico que o Manchester jogou. Eles não tinham tanta posse de bola, porém quando pegavam na bendita, tacavam terror. O contra-ataque, descendo pelo corredor escancarado era certeiro! Agora, antes Ricardo Carvalho, John Terry, Paulo Ferreira, do que Bem Ruim Bem Haim.

E a saga continua. O problema é ser uma torcedora do Chelsea na Vila Ré? Ou ter um técnico protegidinho que brinca de Lego? Porque, sinceramente, quando o Chelsea cedeu empate para o Wigan, a ficha caiu de vez. O Chelsea pode até ganhar a Premier League, ou a Champions League, contudo, ninguém pode negar que a motivação dos tempos de Mourinho é uma coisa extremamente saudosista.

Fotos: EPA/Lusa



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postado por Andréia de Moura às 1:35 PM