Achei muito corajosa a atitude da nadadora Joanna Maranhão em assumir o fato de ter sofrido abusos sexuais na infância. Não se trata de marketing. Alguém que vive de esporte não precisa de holofotes. Além do que, isso poderia causar uma repercussão negativa e um assédio infernal da imprensa.

Por que ela não denunciou antes? Simplesmente, pois quem é molestado na infância guarda o episódio para si, e geralmente absorve a coragem suficiente para falar sobre o assunto após tornar-se adulto. Não é um contexto fácil de aceitar. Medo de ser acusada de algo que se não tem culpa, de ser apontada pela sociedade que bate e depois acaricia. Às vezes, a ficha demora a cair. Na hora, talvez, a criança nem saiba o que está fazendo, mesmo que a mãe tenha a instruído.

Joanna possui meu apoio, porque quando se é uma pessoa pública, isto toma proporções monstruosamente gigantescas. Infelizmente, acredito que não haja provas o suficiente para condenar o delator. E agora que seu nome foi revelado pela mãe da atleta, esta sofrerá um processo por “danos morais”. Assim é a Justiça do mundo. Evidências não mentem, porém, como elas desapareceram com o tempo, o caldo entornou. Danos morais? E quais não foram os danos sofridos não só por Joanna, por tantos e tantos pequenos que vivenciaram circunstâncias similares? Não há dinheiro ou manchete que cure. E vários permanecerão guardando seus relatos debaixo de sete chaves.

Foto: Divulgação

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postado por Andréia de Moura às 10:02 AM