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sábado, 24 de novembro de 2007

Enfim, pensei, pensei, pensei [helloooo!] =D

Depois de tantas notícias de relógios caros que são roubados por quadrilhas especializadas em São Paulo, cheguei à conclusão de que precisava fazer meu desabafo também.

A universidade que me negou uma bolsa parcial de estudos é patrocinadora do programa de televisão de uma das célebres vítimas dos batedores de Rolex. Mas nem é sobre isso que quero falar.

Na verdade, na última semana não se falou sobre outra coisa. E eu, dei graças a Deus porque tenho uma falsificação chinfrim de dez reais, comprada no Brás. Meu celular, então, é um modelinho de mil novecentos e guaraná com rolha, que poderia ajudar na construção de casa, se viesse a faltar um tijolinho. Torpedinho de namorado? Ligações para blá blá blá melosos? Nem pensar! E escrevo para vocês em um computador que vive na UTI. Estou em uma pindaíba lascada. Pouco com Deus é muito, diria minha saudosa vovó Ica!

Claro que não é correto você se apoderar de um objeto que não é seu, sem permissão do respectivo dono, ou seja, roubar. No entanto, analisando o contexto social dessas personagens, chegamos ao arremate de que muitos deles também foram vítimas do descaso exacerbado do governo.

Ser assaltado, não é privilégio da alta classe. Meu pai teve de receber vários pontos na cabeça, por causa de uma coronhada dada por assaltantes há alguns anos atrás. Também já foi enfurnado em um banheiro minúsculo, junto com outras 17 pessoas que estavam em um parking service invadido por caras que portavam armas imensas. Aliás, papai já perdeu as contas de quantas vezes já foi rendido por quadrilhas. Uma amiga de minha mãe teve dois carros roubados em menos de um ano. Minha amiga teve a bolsa, com dinheiro, remédios e documentos roubados em plena luz do dia, em uma famosa rua de barzinhos requintados na Paulicéia Desvairada - e até para emitir o boletim de ocorrência, foi feita de palhaça.

Eu não faço parte dos que passam a mão na cabeça raspada dos criminosos, nem dos que apontam dizendo “culpado” sem ao menos saber dos porquês. Todavia, convenhamos que se um fulaninho cresce vendo no jornal todos os dias que bandido de colarinho branco rouba dinheiro público, CPIs interrompidas, patricinha que assassinou os pais com advogados caríssimos tendo sua pena reduzida, menor psicopata a ponto de ser libertado e ter sua ficha criminal totalmente limpa, ex-amante de bandido posando nua e publicando livro, e ainda tendo péssimos exemplos em casa, de pai que bebe e bate na mãe, que algum dia vai embora para nunca mais dar notícias, com certeza, ele virará um meliante e o problema é totalmente social.

Crianças que viram adultos, que querem dinheiro fácil e que sabem que as brechas na lei estão para os espertos.

Primeiro porque o Código Penal é totalmente embolorado para os tempos atuais. Não sou especialista em Direito, porém, tenho idéia do quanto poderíamos progredir em inflexibilidade anticorrupção, caso tivéssemos esse revisão. A Lei de Execução Penal também é cheia de absurdos e deveria sofrer um extreme makeover.

Segundo, porque a criança brasileira às vezes mal pode sonhar. A Educação [maiúscula porque a vertente é realmente muito séria] está saturada, e são escassos os profissionais que ainda enxergam alguma luz no fim do túnel. A merenda é ridícula, faltam coisas. Os programas de aprovação e reprovação, avaliação. Eu que, por exemplo, terminei o Ensino Médio em 2004 e não pegava em um livro didático desse nível há tempos, obtive um acerto impressionante de questões no ENEM deste ano.

O brasileiro vem sendo moldado para ser burro. Não é só o paulistano, o carioca, ou o belorizontino. Em um país, onde o camelô vende coisa falsificada para sobreviver, perde sua mercadoria no sobe e desce frenético na Ladeira Porto Geral, fugindo da Guarda Civil Metropolitana, a moça chique da Daslu não perde a classe, apesar de toda a falcatrua. Onde a guria que roubou um potinho de margarina passa anos na cadeia e o poderoso jornalista que assassinou a namorada está numa boa.

Enquanto os ricos choram o caos aéreo, ônibus são arremessados ribanceira abaixo nas estradas de Minas. Turistas internacionais são assaltados em Ipanema, em Maresias, em Boa Viagem, e trabalhadores têm sua carteira batida na 25 de Março e no Saara. Crianças se prostituem em cidades turísticas para poder comprar leite para os irmãos mais novos, ao mesmo tempo em que modelos/atrizes recebem “elogios” e têm lobby pra tudo [empós serem recheadas de “talento”].

São os contrastes brasileiros. Uns fazem compras de chinelinho hype na Oscar Freire e outros contam moedas para pagar a passagem de ônibus em mais um dia de busca de emprego.

Entretanto, finalizo este post com a mais absoluta certeza de que as coisas não vão mudar, a não ser que o povo queira. As eleições estão aí em 2008. Creio que, por mais que dê vontade de fugir para o Paraguai de velocípede dos Teletubbies em setembro e somente regressar em novembro, não nos cairia um dedo se prestássemos mais atenção nos debates, escândalos e propagandas. Nem que fosse para não votar em ninguém, já que está complicado de encontrar o “menos pior”. Aí, é você quem sabe!



Foi mal ae pelo desabafo! Podem voltar a programação normal.

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postado por Andréia de Moura às 4:47 PM