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domingo, 21 de outubro de 2007

Oba-oba em Interlagos [e daí?]


Confesso que, ao ouvir falar de Fórmula 1, minha reação é de indiferença. Não gosto mesmo! Sou da geração under 10, que viu a morte de Ayrton Senna. Nunca gostei, mas respeitava o ídolo, tanto que chorei sua morte. Hoje em dia, meu interesse por F-1 é tanto quanto um alérgico à lactose por queijinho de Minas.


E falo mesmo! Para mim, é esporte de playboy e de gente branca. Tá, eu sei que Lewis Hamilton é o primeiro piloto negro e que isso abre portas para o fim do preconceito e blá blá blá, Wiskas Sachê, blá blá blá. Mas, será que precisava demorar tanto para ver que negros podem pilotar? E outra: isso não muda em nada o meu conceito. Sem acrescentar que é chato mesmo, e pronto! Tão chato como tênis e os fãs tarados da Sharapova.

Para quem não sabe, fui promotora por uns tempos, e cansei de ver, em castings para esse tipo de evento [conte Stock Car, e derivados], uma cota reservada. Por exemplo: o cliente, da escuderia ou o que for, pede dez promotoras – dessas, duas ou três são negras, mulatas e morenas-jambo, apenas para “misturar”, para depois, apenas selecionarem as brasileiras "dinamarquesadas". É claro que é vergonhoso dizer que fiz casting para segurar guarda-sol para playboyzinho marrento, mas eu era guria, e apenas queria trabalhar. Não achava nada demais, em ficar por umas 8 horas em pé, com sorriso de mentirinha “botocado” no rosto, me fingir de surda e cega, apenas para poder ajudar mamãe a pagar meus cursos.

O prefeito, todo meninão. Ele se não parece com aquele Sr. Paparapapóvski [ou algo assim...] daquele filme que passa na Sessão da Tarde umas 10 vezes por ano?

Aliás, fico impressionada com o mundaréu de gente que paga 300 reais para ficar em uma arquibancada feia, desconfortável, e exposta ao sol escaldante, para ter uma péssima visão dos boçais brincando de vrum-vrum. E às vezes são pessoas que guardam dinheiro durante o ano inteiro. Dá licença, meu! Pagar 300 contos em São Paulo para ver esses comédias? E o teu filho, que sonha em entrar para esse meio, mas que não vai conseguir, porque o que vale neste “esporte” é o nariz empinado, o pedigree? Se o povo tivesse consciência, boicotaria esse monte de multimilionário que vem terminar a festa na terra das bananas, sambando e blá blá blá. Isso lembra o pessoal da terceira classe do Titanic, passando até por revista de piolhos, e ao naufrágio, sendo trancafiado em seu setor, para que os ricos preenchessem os botes salva-vidas. Definitivamente, é o fim! Tenho vergonha alheia por quem gasta tanto por nada.

Vão dizer “Ah, mas o que se pode esperar de uma senhorita que dorme, respira e se alimenta de futebol?”. Claro! E com muita honra! Futebol é um esporte que agrega, que constrói, que dá esperanças. No futebol, você precisa apenas jogar, seja branco, negro, amarelo, azul. Do Oiapoque ao Chuí, seja você filho do presidente da multinacional, ou do motorista dele. Futebol se joga na rua, na praia, no sítio da vovó, na quadra da escola, a gente faz gol-a-gol, brinca de embaixadinhas, escolhe time, os chinelos tornam-se luvas, a bola tem de ser redonda e a imaginação nos leva ao Wembley, ao Alianz, ou ao Maracanã, nem tão longe assim. Posso não ter chuteiras de ouro, iguais às do Ronaldinho Gaúcho, ou poder trocar por par que não cause bolhas nos pés, como Ronaldo Fenômeno, todavia, sonhar não custa nada, e esse sonho, é muito mais plausível do que ser como aquele cara de chuchu do Fernando Alonso, ou o antipático do Kimi Raikkonen [que não perdem em nada para alguns mascarados do futebol mundial, admito]. Sou criada na Penha. Mina da quebrada, mesmo. E aí?

Pronto, desabafei!
[Se tiver algum erro, amanhã corrigirei. O sono me abate]

Foto: Paulo Pinto/AE

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postado por Andréia de Moura às 10:35 PM